A história da linguagem adquire ao longo do Ensaio sobre a origem das línguas o andamento de uma queda acelerada na corrupção. Há uma língua primitiva que se degenera e se altera: um processo de formação e uma deformação. À medida que Rousseau identifica em suas reflexões – seja na origem seja na estrutura – música e linguagem, a perda de força expressiva que se verifica nas línguas acomete também a música e estas duas corrupções caminham juntas, de modo que (...) ambas se afastam da língua musicada ou da palavra cantada do início. A corrupção da música e das línguas corresponde ao apagamento de sua potência expressiva e refere-se a uma autonomização da harmonia artificial, ao aumento das consoantes, das articulações, da racionalidade, da prática da escrita, bem como ao desenvolvimento histórico, político, econômico e social. Todos estes processos devem ser levados em consideração numa análise sobre as línguas e a linguagem. Todavia, é possível isolar metodologicamente cada um deles. Dito isto, propomos neste artigo investigar o papel da escrita no processo de corrupção e degeneração das línguas. (shrink)

Em muitos textos, Buffon mostra-se partidário da ideia da existência de um laço conjugal natural entre homem e mulher, retomando, assim, as concepções de Locke sobre o assunto. Por sua vez, Rousseau surge como um grande crítico desta ideia. Ele imagina um estado no qual homens e mulheres viveriam em determinadas condições que não os colocariam em relação uns com os outros e, por conseguinte, não os coagiriam a obrigações e deveres recíprocos, um estado de dispersão e de isolamento absolutos (...) do homem. Buffon precisa, para fundar sua teoria, romper com Rousseau. Assim, elaborar e discutir o conteúdo desta ruptura tornam-se os objetos principais deste artigo. (shrink)

O homem-máquina de La Mettrie aparece constantemente ligado ao animal-máquina cartesiano. A partir desta relação, é possível indagar se existe verdadeiramente alguma continuidade entre a proposta cartesiana e a defendida por La Mettrie ou, ao contrário, se esta última representa de modo efetivo uma crítica e uma ruptura em relação à primeira. Nossa interpretação defende que o germe do materialismo – e La Mettrie não escapa disso – só pode desenvolver-se na condição de romper totalmente com a doutrina cartesiana. Assim, (...) longe de haver apenas um passo entre uma e outra teoria filosófica, o que existe é uma diferença radical e gigante. Não há uma continuidade teórica entre o animal-máquina cartesiano e o homem-máquina lamettriano. Diferentemente do que se passa na teoria de Descartes, particularmente, em sua concepção dualista que implica em uma descontinuidade, o Homem-máquina estabelece uma tese continuísta entre homens e animais. Para La Mettrie, a passagem da animalidade à humanidade não é uma passagem violenta, mas sim gradual. (shrink)

A exortação de Rousseau, feita dois séculos antes de Lévi-Strauss, de levar a vista ao longe, observar as diferenças entre os homens para conhecer o homem em sua especificidade e propriedade dá o tom do que se poderia chamar de antropologia rousseauísta. O conhecimento sobre o homem não é obtido ao olhar para o lado e tomar como referência um tipo qualquer imediatamente disponível. Ao contrário, é preciso de viagens bem regradas, de uma educação do olhar e da organização dos (...) dados colhidos pela observação. (shrink)

RESUMO Na flosofa de Rousseau expõe-se a paulatina construção de uma ideia ocidental de humanidade: a história de como o ser humano assim denominou-se ser, bem como a história do abuso dessa denominação. Trata-se, sobretudo, da crítica sobre a construção de um mito da dignidade exclusiva da natureza humana, tema que percorre as obras de diferentes flósofos, dos modernos aos contemporâneos, dos ocidentais aos não ocidentais. O presente artigo aborda, a partir de Rousseau e em diálogo com outros autores, o (...) “ciclo maldito” característico da modernidade, uma ideia que separa os humanos dos animais e segrega os humanos entre si. Começa-se por apartar o ser humano da natureza e constituí-lo como um ser à parte em um processo de monopolização progressiva do valor da existência: aparece em um primeiro momento o especismo, subsequentemente a desigualdade sociopolítica, o etnocentrismo e outras formas derivadas de exclusão. ABSTRACT In Rousseau’s philosophy, the gradual construction of a western idea of humanity is exposed: the history of how the human being naming himself being, as well as the history of the abuse of that denomination. It is, above all, a critique of the construction of the myth of the exclusive dignity of human nature, a theme that permeates the works of diferent philosophers, from the modern to contemporary ones, from western to non-western. This article discusses, based on Rousseau and in dialogue with other authors, the “cursed cycle” characteristic of modernity, an idea that separates humans from animals and segregates humans from each other. It starts with separating human being from nature and constituting him as a distinct part in a process of progressive monopolization of the value of existence: speciesism appears at frst, then sociopolitical inequality, ethnocentrism and other forms derived from exclusion. (shrink)

Resumo: A narrativa de Rousseau sobre a origem do Estado foi retomada nos últimos séculos por diversas tradições, fazendo-se notar no seio do iluminismo escocês e nos trabalhos de Engels. James Scott, em seu recente livro Contra o grão, de 2017, ecoa algumas teses de Rousseau. Dentre tantos pontos de convergência, três se destacam e serão analisados no decorrer deste artigo: i) de um lado, a variedade dos modos de ser e de se relacionar com a natureza dos povos sem (...) Estado, a idade de ouro dos bárbaros; de outro, a estratificação dos povos sob o Estado, o empobrecimento dos agricultores cerealistas; ii) as condições ecológicas raras e especialíssimas favoráveis à emergência do aparelho estatal, em oposição às dificuldades de se formar o Estado, em regiões de abundância naturais, donde se faz necessário estabelecer a hipótese de mudanças climáticas que alteram as condições de existência; iii) e, por fim, a importância dos grãos para o processo civilizatório, isto é, a afinidade entre economia agrária de cereais e Estado.: Rousseau’s narrative about the origin of the State was recovered in the last centuries by several traditions, being noticed in the heart of the Scottish Enlightenment and in the works of Engels. James Scott, in his recent book Against the Grain of 2017, echoes some of Rousseau’s theses. Among many points of convergence, three stand out and will be analyzed in the course of this article: i) on the one hand, the variety of ways of being and relating to the nature of stateless peoples, the golden age of the barbarians; on the other, the stratification of peoples under the State, the impoverishment of cereal farmers; ii) the rare and very special ecological conditions favorable to the emergence of the State apparatus, as opposed to the difficulties of forming a State in regions of natural abundance, which imposes the necessity to establish the hypothesis of climate changes that alters the conditions of existence; iii) and, finally, the importance of grains for the civilizing process, that is, the affinity between the agrarian economy of cereals and the State. (shrink)

O Ensaio sobre a origem das línguas expõe o momento em que as línguas se enfraquecem, abrindo caminho para o cortejo da violência. O livro apresenta o lugar do discurso nos tempos antigos em oposição ao seu não-lugar nos tempos modernos, ou seja, a mudança do lugar da eloquência na antiguidade para a idade moderna. Aos olhos de Rousseau, as línguas – assim como os homens – estão profundamente atreladas ao tempo e, por conseguinte, em constantes transformações. Elas seguem as (...) vicissitudes dos costumes e se alteram ou se conservam com eles. Não por outra razão, é dito que o movimento da linguagem reproduz, a seu modo e em seu plano, o da humanidade, de sorte que é possível reconstruir uma história da liberdade e da servidão dos povos a partir da análise de suas línguas. Bem como, reconstituir história de cada língua por meio da história e das condições sociais, políticas e econômicas de cada povo. A questão que nos propomos investigar pode ser formulada nos seguintes termos: quais relações podem existir entre regimes políticos e discurso? Dois aspectos serão privilegiados: i) as características constitutivas de cada língua falada e ii) o regime de organização política do povo que a fala. (shrink)

Leitor atento de Rousseau, embora raramente o citasse em seus textos, Clastres emprega o mesmo vocabulário que ganhou fama sob a pluma do cidadão de Genebra, tomando por vezes distância de suas reflexões: 1) alusão à vontade geral; 2) a encenação do gesto fundador da sociedade civil de cercar um terreno e o discurso possessivo que inaugura a propriedade privada e a acompanha (“isto é meu”); 3) e, por fim e mais importante, a crítica direcionada às duas frentes que compõem (...) a narrativa de Rousseau sobre a origem do Estado: de um lado, a associação entre desejo de prestígio e vontade de poder; de outro, o fundamento econômico do poder político. Se é certo afirmar que a Arqueologia da violência é contra Hobbes ou uma inversão do argumento de Hobbes – pois aí Clastres politiza a guerra –, por sua vez, a Sociedade contra o Estado é em certa medida contra Rousseau ou, ainda, uma inversão do argumento de Rousseau, visto que se coloca contra a narrativa hipotética da história ocidental: não mais da economia e do prestígio para a política, mas da política para a economia, pois aí Clastres politiza a economia. (shrink)

A diversificação física e cultural humana pode ser lida na antropologia de Rousseau a partir da ideia da degenerescência e do afastamento de uma natureza originária, mas também pode ser encarada em chave positiva como a afirmação da variedade humana, independente de uma referência a um modelo originário. Assim, o pensamento antropológico de Rousseau transita entre dois polos distintos e igualmente válidos: o julgamento histórico e o saber etnográfico. Se o primeiro apoia-se em um modelo único e originário de ser (...) humano que paulatina e historicamente se degeneraria, corrompendo-se; o último multiplica as origens de modo a afirmar positivamente as diferenças, explicando-as enquanto tais. Um se constitui em escala de medida, outro em antídoto contra o etnocentrismo. O objetivo maior deste texto consiste em apresentar sobretudo o último polo. Nele, a diversidade física e cultural se afirma enquanto tal, sem que haja a necessidade de se atribuir prêmios de preservação de uma maior pureza a esta ou aquela sociedade localizada num ponto determinado do tempo e do espaço. A diversidade indicaria não mais uma corrupção, mas sim os vários caminhos assumidos e tomados pelos grupos humanos de acordo com os tempos e as circunstâncias vivenciados. (shrink)

Resumo: O século XX viu ganhar forma um efervescente debate travado em torno do Ensaio sobre a origem das línguas de Rousseau, sobretudo quanto à sua gênese, ao período em que foi escrito e às suas possíveis relações com o Discurso sobre a origem da desigualdade. O presente artigo, ao repassar a literatura crítica sobre o tema, propõe uma cronologia consonante com a produção especializada, colocando em foco os temas que, porventura, teriam guiado Rousseau, desde a redação da versão originária (...) e inicial do texto até a versão definitiva: de um texto originalmente inscrito nas polêmicas musicais entre Rousseau e Rameau, o Ensaio foi paulatinamente enriquecido, abarcando de maneira unificada as reflexões do autor sobre as sociedades, as línguas, as linguagens e os sistemas musicais.: The twentieth century saw an effervescent debate about Rousseau’s Essay on the origin of languages, especially with regard to its genesis, the period in which it was written, and its possible relations with the Discourse on the origin of inequality. The present article reviews the critical literature on the subject and proposes a chronology consonant with this literature. We focus on the themes that perhaps would have guided Rousseau, from the writing of the initial version of the text to its definitive version. Originally part of the musical polemics between Rousseau and Rameau, the Essay was gradually enriched, eventually covering in a unified way the author’s reflections on societies, languages, and musical systems. (shrink)

The aim of this paper is to present a reflection on the idea of religiousness or religious sentiment in Benjamin Constant de Rebecque and the importance of this in free societies. For the author, the religious sentiment avoids the evils of selfishness and individualism and, at the same time, the dangers of political despotism and religious. In this sense, religion is seen as necessary to free societies. However, it must be separated from the priestly factions. Constant presents a strategy of (...) fusing a perspective of Enlightenment - with the concepts of progress and civilization - with aspects of the thought of Edmund Burke who advocated a more local interest. Thus, the "Greeks" - an "ideal type" avant la lettre - are presented with real people in history, which can help to think of our civilization. An "intermediate political principle", avoiding the excesses of philosophical abstraction. (shrink)

This volume has 41 chapters written to honor the 100th birthday of Mario Bunge. It celebrates the work of this influential Argentine/Canadian physicist and philosopher. Contributions show the value of Bunge’s science-informed philosophy and his systematic approach to philosophical problems. The chapters explore the exceptionally wide spectrum of Bunge’s contributions to: metaphysics, methodology and philosophy of science, philosophy of mathematics, philosophy of physics, philosophy of psychology, philosophy of social science, philosophy of biology, philosophy of technology, moral philosophy, social and political (...) philosophy, medical philosophy, and education. The contributors include scholars from 16 countries. Bunge combines ontological realism with epistemological fallibilism. He believes that science provides the best and most warranted knowledge of the natural and social world, and that such knowledge is the only sound basis for moral decision making and social and political reform. Bunge argues for the unity of knowledge. In his eyes, science and philosophy constitute a fruitful and necessary partnership. Readers will discover the wisdom of this approach and will gain insight into the utility of cross-disciplinary scholarship. This anthology will appeal to researchers, students, and teachers in philosophy of science, social science, and liberal education programmes. 1. Introduction Section I. An Academic Vocation Section II. Philosophy Section III. Physics and Philosophy of Physics Section IV. Cognitive Science and Philosophy of Mind Section V. Sociology and Social Theory Section VI. Ethics and Political Philosophy Section VII. Biology and Philosophy of Biology Section VIII. Mathematics Section IX. Education Section X. Varia Section XI. Bibliography. (shrink)

Resumo: Tendo como foco principal o primeiro volume de Humano, demasiado humano, e em particular o primeiro capítulo desta obra, este texto visa, esquematicamente, a apontar o objetivo central da formulação do livro, que, ao nosso ver - e esta é a ideia aqui defendida - é de ordem política. Para tanto, num primeiro momento, procuramos expor o problema sócio-político em questão para Nietzsche, de forma que, num segundo, possamos esboçar a solução epistêmica, para, por fim, abordarmos as dificuldades (...) class='Hi'>dela decorrentes.: Having as main focus the book Human, All Too Human I, and in particular the first chapter of this work, this text aims, schematically, to point out the central objective of the formulation of the book, which, in our view - and this is the idea defended here - is of a political nature. Therefore, in a first moment, we try to expose the socio-political problem seen by Nietzsche, so that, in a second, we can outline the epistemic solution, so that, finally, we can address the difficulties that arise from it. (shrink)

This article examines the evaluative nature of the folk concepts of weakness and strength of will and hypothesizes that their evaluative nature is strongly connected to the folk concepts of blame and credit. We probed how people apply the concepts of weakness and strength of will to prototypical and non-prototypical scenarios. While regarding prototypical scenarios the great majority applied these concepts according to the predictions following from traditional philosophical analyses. When presented with non-prototypical scenarios, people were divided. Some, against traditional (...) analyses, did not apply these concepts, which we explain in terms of a clash of evaluations involving different sorts of blame and credit. Others applied them according to traditional analyses, which we explain in terms of a disposition to be reflective and clearly set apart the different sorts of blame and credit involved. Still others applied them in an inverse way, seemingly bypassing the traditional components resolution and be.. (shrink)

In the preface of the Philosophical Investigations, Wittgenstein says that his “most fruitful ideas” are due to the stimulus of Sraffa's criticism, but Sraffa is not mentioned anywhere else in the book. It remains a puzzle in the literature how and why Sraffa influenced Wittgenstein. This paper presents a solution to this puzzle. Sraffa's criticism led Wittgenstein away from the calculus conception of language of the Big Typescript (arguably, an adaptation of the calculus of the Tractatus), and towards the “anthropological (...) view,” which structures both the opening sections of the Philosophical Investigations and Wittgenstein's later philosophy of mathematics. (shrink)

I argue that Wittgenstein’s engagement with Russell’s The Analysis of Mind was crucial for the development of his new method. First, I show that Wittgenstein’s criticism of the causal theory of meaning (namely: that it generates an infinite regress and that it does not determine the depiction of a fact) is motivated by its incompatibility with the pictorial conception of language. Second, I show that in reacting against that theory he comes to invent the calculus conception of language. Third, I (...) argue that the calculus conception is vulnerable to critiques that parallel those presented against Russell’s theory (a rule-following regression and the indeterminacy of depicted facts). Fourth, the striking similarity between the problems present in Russell’s theory and in Wittgenstein’s own views makes him realize that both were working under misleading trains of thought and false analogies. It is this realization that brings Wittgenstein to the view that his task is to investigate the genesis of philosophical puzzlement in order to stop philosophical theorizing right from the beginning. Thus, in explaining the invention of Wittgenstein’s new method I show its relation to Russell’s philosophy and indicate the origins of the rule-following problem. (shrink)

Henri Lelevel’s La philosophie moderne par demandes et réponses is a very interesting as well as pretty neglected attempt to disseminate the new philosophy among a larger audience, including the non specialists. Either the style of presentation or the oversimplification of the topics discussed is clearly intended to reach people interested to a smattering of philosophy. More than the comparisons between the traditional and the new philosophy and the compendia, this work vouches for the great interest toward the new philosophy. (...) In this particular case the model is the philosophy of Malebranche, whose interpretation of Descartes thought is preferred by Lelevel, worried by the excessive twist given toward empiricism in P.-S. Régis rendering of Cartesian philosophical system. Lelevel’s logic is directed to eliminate the confusion between sense data and knowledge, echoing also Malebranche’s notion of éténdue idéale, one of the major contribution to the reconsideration of Descartes’ thought. This paper aims to sketch the mains topics discussed in the four sections of Lelevel’s work, with some cross-references to Malebranche’s writings. (shrink)

Dans cet article, j’essaie de montrer que l’idée du langage comme calcul structure la philosophie de Wittgenstein dans le Big Typescript. Pour ce faire, je commence par mettre en relief les différences entre la conception du langage comme calcul dans le Tractatus, et sa reformulation dans le Big Typescript ; j’explique ensuite comment l’idée de l’autonomie de la grammaire est à la base de la conception de la « grammaire » ou du langage comme calcul. J’espère pouvoir montrer ainsi l’unité (...) de la philosophie de Wittgenstein aux alentours de 1932-1933. Il doit en ressortir que sa philosophie à l’époque du Big Typescript présente un intérêt en elle-même, quoiqu’il ne s’agisse pas encore de la philosophie des Recherches philosophiques.I aim at showing that the idea of language as a calculus is the central view that shapes Wittgenstein’s philosophy in the Big Typescript. In order to do so, I first contrast the conception of language as a calculus in the Tractatus with its reformulation in the BigTypescript ; then I explain how the idea of the autonomy of grammar grounds the conception of “grammar” or language as calculus. With this on hand, I give an overview of the unity of Wittgenstein’s philosophy around 1932-1933. It should become clear that his philosophy at the time is worth arguing for, even though it is not yet the philosophy of the PhilosophicalInvestigations. (shrink)

O presente artigo tem o objetivo de analisar o texto do Fragmento Político-Teológico de Walter Benjamin. Apesar de ser um texto curto ele apresenta alguns elementos fundamentais para se estruturar a argumentação benjaminiana sobre a história. Neste fragmento é trabalhada a figura de um messias que é responsável por levar o acontecimento histórico à termo. O messianismo presente em Benjamin se aproxima assim da realização do estado de exceção efetivo proposto por ele em suas Teses sobre o conceito de história. (...) Um estado de exceção que não represente apenas a suspensão das regras, mas a sua completa aniquilação. Desta forma o messianismo reflete um potencial de profanação, de retirada da sacralização das leis em nome de uma retomada do uso comum. A proposta benjaminiana encaminha para uma constituição de uma forma de política que não se limite à simples reprodução do status quo, mas represente, de fato, uma efetivação, uma aniquilação, de tudo o que se tornou opressor no acontecer histórico. (shrink)

O artigo constitui-se de uma apresentação sucinta dos elementos principais do sistema ético de Max Scheler. Utilizando-se do método fenomenológico, Scheler afirma que a ética deve basear-se na experiência, pois o valor não é algo que se atribui, mas que é experimentado. O fenomenólogo alemão defende que o homem está rodeado por um cosmos de valores que não necessita ser produzido, apenas reconhecido através do perceber sentimental, possibilitando, inclusive, uma organização hierárquica dos valores. No entanto, este perceber se encontra afetado (...) pelo ressentimento, o que implica em uma negação dos valores através da inversão valorativa. (shrink)

This essay intends to identify intentionalism (infinity given by rules, not by extensions) and the idea of multiple complete mathematical systems (several “mathematics”) as the central characteristics of Wittgenstein’s philosophy of mathematics. We intend to roughly show how these ideas come up, interact to each other, how they develop and, in the end, how they are abandoned in the late period. According to the Tractatus Logico-Philosophicus, infinities can only be given by rules and there is a single numerical system (the (...) number’s essence is the general idea of ordering). Intentionalism is up to at least 1933, but the idea of a single system is abandoned in 1929-30 (already in the Philosophische Bemerkungen). In its place one finds the idea of multiple, independent and complete numerical systems. This idea will engender some key moves in Wittgenstein’s philosophy of Mathematics. The notion of “seeing an aspect” from the Big Typescript, of instance, comes up so as to explain such systems. From 1934 onwards, Wittgenstein gradually abandons intentionalism and the idea of multiple, independent and complete systems. In his late philosophy, both ideas are used only as instruments to dissolve philosophical prose regarding mathematics. (shrink)

Neste artigo começo por argumentar que devemos ver o Big Typescript como algo muito diferente de um livro planejado para a publicação. Ele deve ser tomado meramente como uma coleção de observações, que expressam a concepção de Wittgenstein de “gramática” por volta de 1932-33, quando as observações foram reunidas. Em seguida, explico a concepção substancial de “gramática” do BT. Espero tornar claro, nesta segunda parte, que o BT e o Tractatus Logico-Philosophicus são próximos no sentido de que partilham a idéia (...) de que a linguagem tem uma estrutura que opera de acordo com regras fixas de sentido (um cálculo). (shrink)

Dworkin claimed that hypothetical agreements are not binding and, thus, that the argument from the Original Position in Rawls’ A Theory of Justice does not justify or ground the principles of justice. I argue that the Original Position is neither foundational nor in need of a “deep theory”, as claims Dworkin; it is only a means of clarification, a sort of “perspicuous representation” of our judgments concerning justice. I also argue that the natural duty of justice works as a non-hypothetical (...) justification for why the principles are binding. This because the natural duty of justice does not depend on agreements to hold and, as such, makes any principle of justice binding. (shrink)

Of all the world thinkers on whom the author of The Philosophy of the Common Task [Filosofiia obshchego dela] reflected, the one to whom he devoted the most attention, thought, and passion was perhaps a contemporary of his who, though fifteen years his junior, had already thrown some "impossible" works in the face of a fascinated, flabbergasted, and shocked public and had lived for almost ten years outside the world of culture and history, in a state of complete (...) insanity. I speak, of course, of Friedrich Nietzsche. He burst into Russia as a deafening European intellectual novelty, which intoxicated and swept away quite a few young people and even some experienced wise heads with the audacity of his "transvaluation of all values," his prophetic eruptions of new ideas and life principles, his exciting style of free philosophizing, and, finally, his existential tragedy. Fedorov could not but have been sensitive to and, I would say, personally affected by this phenomenon-Nietzsche and Nietzscheanism and the fashion for them. (shrink)

In his last teaching Michel Foucault examines the position of the cynical philosopher. This attitude, characterized by a gesture authentically subversive and expressive of a form of life, is assumed and transfigured by the artistic practice of Mauro Folci, who in the performance Smercio di moneta falsa as Diogene is committed to parakharattein to nomisma.

El propósito del artículo es dar cuenta de ciertas peculiaridades de la controversia predestinataria queprotagonizaron, en el siglo IX, Godescalco y sus seguidores, por un lado, y Rabano Mauro e Hincmarode Reims como sus máximos oponentes. En particular nos parece de interés advertir que las diversas interpretacionesacerca de la predestinación divina tuvieron un modo distinto de aproximación por parte delas dos facciones, algo que tendría un origen, a nuestro parecer, en las antagónicas geografías espiritualesen las que se produjeron dichas (...) especulaciones, y ello pudo estar también en la base de la mutua incomprensiónentre quienes defendían posiciones doctrinales que, a la postre —algo que se entiende probarasimismo en el artículo— no estaban tan distanciadas entre sí como podría hacer sospechar elencarnizamiento con que se produjo la polémica.The aim of this paper is to clarify certain details of the predestinarian controversy that took place inFrance in the ninth century, between Gottschalck and his followers, on one side, and their opponents RabanMaur and Hincmar of Reims on the other. We consider it interesting to point out that their interpretationsconcerning divine predestination had their origins in different places in France, and we can refer, in thissense, to distinct spiritual geographies in their opposed approaches to God’s foreknowledge of futureevents. We will also try to prove that the two proposals concerning the nature of predestination were not so conflicting as the intensity of the controversy seems to reflect. (shrink)

Sixty-eight stores of a retail chain were used for testing a model in which perceived authentic leadership predicts stores’ sales achievement through the mediating role of perceived store virtuousness and perceived store potency. Employees reported AL, store virtuousness, and store potency. Sales achievement over a period of four consecutive months subsequent to data collection was considered as dependent variable . The main findings are the following: AL predicts store potency through the mediating role of store virtuousness; store virtuousness predicts sales (...) achievement through the mediating role of store potency; AL predicts sales achievement via the mediating role of both store virtuousness and store potency. By focusing on three positive constructs, whose interrelations have scarcely been explored, and relating them to store performance, the study enriches the Positive Organizational Scholarship movement, and suggests that AL and virtuousness are good in themselves and also potential facilitators of group success. (shrink)

Within the current mainstream research in the foundations of physics, much attention has been turned to the program of Axiomatic Reconstruction of Quantum Theory in terms of Information-Theoretic principles (ARQIT). ARQIT aims at finding a few general information-theoretic principles from which, once translated into mathematical terms, one can formally derive the structure of quantum theory. This chapter explores the role of mechanistic explanations and mathematical explanations (in particular, structural explanations) within ARQIT. With such considerations as a point of departure, we (...) investigate how ARQIT contributes to the explanation of quantum phenomena, and the possible prospects for explanations provided by mechanical interpretations of quantum theory. (shrink)

Thomas Kuhn is mostly known for his contributions to the philosophy of science. However, it was chiefly to investigations in philosophy of language that he dedicated the last part of his career. The aim of this paper is to present a systematic view of Kuhn’s main ideas on this subject. I start by describing his theory of concept, in particular what he says about kind terms. Such terms, acquired in blocks that form contrast sets or “taxonomies,” are learned through ostensible (...) definitions. Next, I analyze Kuhn’s concepts of “meaning” and “truth.” Finally, I discuss a second type of kinds terms, not fully investigated by him, which is learned together with scientific laws. Resumo Thomas Kuhn é conhecido principalmente por suas contribuições para a filosofia da ciência. No entanto, foi em grande medida à filosofia da linguagem que ele dedicou a última parte de sua carreira. O objetivo deste artigo é apresentar uma visão sistemática das principais ideias de Kuhn sobre esse assunto. Começo descrevendo sua teoria do conceito, em particular o que ele diz sobre termos para espécie. Tais termos, aprendidos em blocos que formam conjuntos de contraste ou “taxonomias”, são aprendidos através de definições ostensivas. Em seguida, analiso as concepções de Kuhn de “significado” e “verdade”. Finalmente, discuto um segundo tipo de termo para espécies, não totalmente investigado por ele, que é aprendido junto com as leis científicas. (shrink)

We investigate the complexity of embeddings between bi-embeddable structures. In analogy with categoricity spectra, we define the bi-embeddable categoricity spectrum of a structure A as the family of Turing degrees that compute embeddings between any computable bi-embeddable copies of A; the degree of bi-embeddable categoricity of A is the least degree in this spectrum (if it exists). We extend many known results about categoricity spectra to the case of bi-embeddability. In particular, we exhibit structures without degree of bi-embeddable categoricity, and (...) we show that every degree d.c.e above 0(α) for α a computable successor ordinal and 0(λ) for λ a computable limit ordinal is a degree of bi-embeddable categoricity. We also give examples of families of degrees that are not bi-embeddable categoricity spectra. (shrink)

Comment pouvons-nous analyser des relations de valeur non standards, comme la parité axiologique, en termes d’attitudes appropriées? Wlodek Rabinowicz suggère que deux choses sont à parité si et seulement si il est à la fois permissible de préférer l’une à l’autre et permissible d’avoir la préférence contraire. Dans un article récent, Johan Gustafsson soutient toutefois que l’analyse de Rabinowicz viole un principe de symétrie entre valeurs et préférences, selon lequel il existe pour toute relation de valeur une relation de préférence (...) correspondante (et vice-versa). À la lumière de ce principe, Gustafsson propose une analyse alternative, selon laquelle deux choses sont à parité si et seulement si il est requis d’entretenir ces choses en parité préférentielle. Dans cet article, j’examine en détail les arguments avancés par Gustafsson contre l’analyse de Rabinowicz et je montre qu’aucun d’eux n’est convaincant. (shrink)

This note addresses the issue as to which ceers can be realized by word problems of computably enumerable (or, simply, c.e.) structures (such as c.e. semigroups, groups, and rings), where being realized means to fall in the same reducibility degree (under the notion of reducibility for equivalence relations usually called “computable reducibility”), or in the same isomorphism type (with the isomorphism induced by a computable function), or in the same strong isomorphism type (with the isomorphism induced by a computable permutation (...) of the natural numbers). We observe, e.g., that every ceer is isomorphic to the word problem of some c.e. semigroup, but (answering a question of Gao and Gerdes) not every ceer is in the same reducibility degree of the word problem of some finitely presented semigroup, nor is it in the same reducibility degree of some non‐periodic semigroup. We also show that the ceer provided by provable equivalence of Peano Arithmetic is in the same strong isomorphism type as the word problem of some non‐commutative and non‐Boolean c.e. ring. (shrink)

In this paper we argue, against a somewhat standard view, that pragmatic phenomena occur in mathematical language. We provide concrete examples supporting this thesis.

A Teoria dos Dois Sistemas, proposta por Kahneman (2011), pressupõe que a tomada de decisão no contexto econômico se baseia em dois sistemas, um que é automático, intuitivo e principalmente inconsciente e outro reflexivo, racional e totalmente consciente. Consideramos a abordagem kahnemaniana incompleta na medida em que a concepção dos sistemas 1 e 2 não é suficiente para explicar os processos de tomada de decisão. Neste artigo, nosso desafio é mostrar que, diferentemente dos sistemas de Kahneman, a tomada de decisão (...) está ancorada na percepção direta de affordances e é a base das escolhas conceituais, que envolvem experiências sensório-motoras advindas da reciprocidade entre agente e ambiente. Concluímos este artigo, argumentando que, diferentemente da concepção de sistema 1 kahnemaniano, na perspectiva ecológica, a tomada de decisão advém de experiências não conceituais, da percepção direta, não automática, sem envolver representações mentais e processamento de informações. (shrink)

This paper is part of a project that is based on the notion of a dialectical system, introduced by Magari as a way of capturing trial and error mathematics. In Amidei et al. (2016, Rev. Symb. Logic, 9, 1–26) and Amidei et al. (2016, Rev. Symb. Logic, 9, 299–324), we investigated the expressive and computational power of dialectical systems, and we compared them to a new class of systems, that of quasi-dialectical systems, that enrich Magari’s systems with a natural mechanism (...) of revision. In the present paper we consider a third class of systems, that of p-dialectical systems, that naturally combine features coming from the two other cases. We prove several results about p-dialectical systems and the sets that they represent. Then we focus on the completions of first-order theories. In doing so, we consider systems with connectives, i.e. systems that encode the rules of classical logic. We show that any consistent system with connectives represents the completion of a given theory. We prove that dialectical and q-dialectical systems coincide with respect to the completions that they can represent. Yet, p-dialectical systems are more powerful; we exhibit a p-dialectical system representing a completion of Peano Arithmetic that is neither dialectical nor q-dialectical. (shrink)

Histories of the conquest of America have long highlighted the role of wonder, possession, and desire in Spanish conceptions of the New World. Yet missing in these accounts is the role that studying nature played in shaping Spain’s imperial ethos. In the sixteenth century, Spanish missionaries revived the practice of natural history to trace the origins of New World nature. In their pursuit of the cultural meanings of natural landscapes, however, Spanish natural historians naturalized their own fears of the demonic. (...) In this article, I argue that naturalist inquiry served as an empirical and spiritual laboratory to develop a contentious narrative of political domination. I focus specifically on the writings of the missionary ethnographer, Bernardino de Sahagún, who compiled the first bilingual account of the peoples of the Aztec empire and used his immersion in Nahua culture to promote indigenous conversion to the Christian faith. Sahagún’s narrative techniques were aimed at the New World’s cultural regeneration, particularly through the study of nature. Yet his intellectual transformation during this journey bears surprising ideological paradoxes. Sahagún’s legacies therefore offer political theorists today a medium to rethink key historiographical assumptions about the anthropolitics of nature and the broader geopolitics of early modern political thought. (shrink)

We study the algorithmic complexity of isomorphic embeddings between computable structures.